sexta-feira, 13 de maio de 2016

Gratidão de um Nego Véio


por Magnus Quandt, mais Um na Banda!


-Salve suas forças, sua benção meu Pai.

- Salve as vossas forças meu fio, que Deus, Jesus e Pai Oxalá lhe abençoe.

E assim começou o papo leve, descontraído e alegre com o amado Nego Véio, Preto Velho, Vôzinho ou Paizinho, “como você se sentir bem meu filho, já fui vô, já fui pai, já fui filho, já fui nego e já fui velho...” (palavras do Nego Véio).

Enquanto palavras eram dirigidas ao Nego Véio, ele segurava as mãos do irmão, sorrindo levemente, um sorriso calmo e doce, balançando sua perna direita meio tremula, mas firme na determinação e olhava fixamente nos olhos de nosso amado irmão enquanto lhe contava sobre suas conquistas e o quanto estava agradecido a Deus, a vida, aos guias e aos Orixás. O Nego Véio sentia a felicidade, a gratidão e o amor transbordando entre suas palavras, seus movimentos corporais, seus olhares e o sorriso discreto que eu diria ser impossível não sorrir em frente a um Nego Véio.

Este Nego Véio “sabido” e vivido ouvia atentamente cada dizer do nosso irmão e com certeza sabia que cada palavra ali dita era o que estava no coração e sim eu estava incorporado com “esse Nego Véio” e tive a honra de sentir cada palavra dita pelo irmão, cada olhar e cada sorriso enquanto o Nego Véio segurava em suas mãos, eu estava ali de “camarote” enquanto acontecia aquela troca de amor, aquela troca de olhar e aquela troca de carinho entre um irmão encarnado e um irmão desencarnado, porque é a assim que o Nego Véio se sentia, como apenas um irmão, um espirito e um alguém que já viveu muitas experiências e hoje está aqui “apenas” como um irmão desencarnado para dividir suas experiências.

Nosso irmão por alguns minutos despejou amor e gratidão sobre este Nego Véio, que com o sorriso acenava com a cabeça confirmando o entendimento de cada palavra do irmão, ele é paciente, ele sabe escutar e ele gosta de escutar, afinal aprendemos mais escutando do que falando. Em um determinado momento o Nego Véio, com seu jeitinho simples, calmo e doce pediu a permissão da palavra, porque estava na hora dele agradecer as palavras recebidas, porque pra ele é sempre uma grande honra poder ouvir e fazer parte das histórias ou das aflições de outro irmão.

Ele sorriu, agradeceu as palavras, e neste agradecimento sentia-se o axé, o amor e a magia de um Preto Velho, enquanto eu o narrador quem vos conta esta experiência, curtia esta energia e tentava entender o que ali ocorria, o Nego Véio começa a se preparar para dar o seu parecer final, o seu “conselho”, que nada mais é que a sua percepção de vida de acordo com toda a experiência que ele teve em carne e em espirito. Olha fixamente nos olhos do irmão, levanta suas mãos em conjunto com a do irmão, suas pernas já não tremiam mais, por apenas 1 segundo seu sorriso foi contido, respirou fundo e disse:

- Fio, você se esqueceu de agradecer uma pessoa...
- Quem, meu pai? – respondeu o irmão.
- Ué fio, você nunca parou para agradecer a você mesmo? – replicou o Nego Véio.

Neste momento houve um silêncio entre o irmão, o Nego Véio e eu, acredito que fiquei tão surpreso quanto o irmão com a resposta do Nego Véio, na qual nos disse (sim ele disse ao irmão e a mim) que nos esquecemos de agradecer a nós e ainda complementou nos dizendo que Deus, os Orixás, os Guias, os amigos, a família, todos eles nos ajudam sempre e temos sim que ter gratidão, porém não podemos nos esquecer de agradecer a nós, afinal a ação cabe a nós, os Guias ajudam, mas se a gente não se permitir ou não se mexer nada acontecerá, Deus ajuda, mas se a gente não estiver “aberto” para receber esta ajuda e não se levantar, nada acontecerá, os amigos ajudam, mas se não levantarmos a cabeça, nada acontecerá e complementou que a gratidão deve ser de dentro pra fora, devemos nos agradecer todos os dias, por nos permitir viver, por escolher os caminhos que nos levam as conquistas, por nos cuidar (da mente e do corpo) e nos agradecer por ser quem somos independente de toda
história, experiência e lutas diárias que travamos, afinal sempre temos o livre arbítrio e somos responsáveis por nossas escolhas, então eu agradeço a vocês por receberem estas palavras e vivencia em forma de texto, agradeço a Deus, agradeço aos Orixás, agradeço ao meu Nego Véio por este ensinamento e me agradeço por ter escrito, ter me permitido, ter refletido e ter colocado em forma de texto (talvez nem tão bem quanto gostaria) o sentimento que recebi.

Adorei as Almas!

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