por Pablo Araújo de Carvalho, mais Um na Banda!
Caboclo é um grau espiritual, grau este que simboliza juntamente com o grau preto-velho, um dos maiores graus da Umbanda, onde um espírito ao ser integrado em uma dessas duas linhas, é porque já deu provas de seu despertar consciencial e comprometimento com a Lei Maior e a Justiça Divina, tornando-se instrumento de Deus e uma extensão da Sua misericórdia divina.
A Umbanda Batizou um de seus graus da lei na luz com o nome de Caboclo, pois vira nesses povos donos dessa terra chamada Brasil, a pureza, a paz o respeito pelas divindades da natureza a qual cultuavam com amor e devoção e mesmo tendo suas terras invadidas e seus filhos e filhas mortos pela ganância do branco europeu, nunca viraram a suas costas para Tupã (Deus) e nunca deixaram vergar sua fé nas divindades naturais se compadecendo daqueles que inebriado pela ilusão do poder e da riqueza que a terra oferecia de graça, mataram o bem maior que é a vida daqueles guardiões da natureza que eram os índios que nessa terra eram donos antes dos europeus toma-las e contamina-las com seus vícios anti-naturais que manchavam e causavam horror nas mentes e sentimentos naturais daqueles povos.
A Umbanda batizou um de seus maiores graus na luz chamando-os de caboclos, pois viram nesses povos seres impares que se entregaram de corpo e alma para vivenciarem sua fé Em Tupã (DEUS) e nas suas divindades da natureza conquistando seus graus naturais através da pureza que irradiavam. Para ser caboclo é necessário que sua alma seja pura, ao ponto de invadirem suas terras (sentimentos) matarem seus sonhos (ideais) e ainda sim não anularem o amor que tem em Deus e na sua criação. Para ser caboclo temos que estar sempre apto a perdoar, sabendo que todo e qualquer sentimento contrario a Deus, é somente a ausência do Pai, tal como o ódio é a ausência do amor, e assim agindo como o pai amoroso e sábio que pega em nossa mão e preenche o vazio do amor, anulando o ódio e nos recoloca novamente de frente para o nosso Divino Criador que é amor puro. Para ser caboclo é necessário suicidar o nosso ego, transformando o nosso desejo em uma vontade maior do Criador. Para ser caboclo é preciso amar sem condição e sem contrato, ou seja, amor pelo amor. Para ser caboclo é integrar-se à Deus e como uma extensão de seu mistério da vida amparar aqueles que até ele chegam com fé, amor, conhecimento, razão, ordem, evolução e geração, sendo para todos o balsamo e o lenitivo para suas dores da alma e do corpo.
Ou seja, ser caboclo é ser humano no mais alto conceito que esta palavra pode ter. Sarava os Sagrados Caboclos, espíritos humanos excelsos que humanizaram Deus e Divinizaram o Humano tornando O Ser Humano o que realmente Ele é: uma Centelha Viva de Luz por onde Deus o Divino Criador se manifesta através do verdadeiro ato humano que é aquele que diviniza o ser e que desperta as virtudes divinas que brotam de nosso intimo como um arco-íris divino a iluminar os caminhos de tudo e todos que se perderam na escuridão de seus atos desumanizadores.
E Caboclo, Preto-velho, Boiadeiro, Baianos, Marinheiro, Exus e Pomba-Gira são graus evolutivos da umbanda, pois tal como no exército os graus são distribuídos como patentes hierarquizando desde o grau iniciante tal como soldado até o maior grau que é o de general. Esses nomes que simbolizam graus evolutivos na Umbanda, são na verdade homenagens no qual a espiritualidade superior nomeou seus graus de luz, lei e vida assim que a Umbanda foi pensada e criada por mentais divinos responsáveis pela evolução dos seres, nós inclusive.
E a Umbanda como é uma religião genuinamente brasileira, a cada um de seus graus simbólicos por onde manifestam-se milhões de espíritos, batizou com um grau nomeando-os com raças, povos, comunidades e culturas de estados brasileiros que enalteceram e de alguma forma contribuíram de forma positiva no inconsciente coletivo, povos que traziam em seu íntimo a força, a resignação, a moral e a honestidade do sertanejo tal como o Grau Boiadeiro, povos que traziam em seu íntimo a alegria e a devoção aos seus santos e orixás, que mesmo perseguidos por sua cor, sua cultura e sua religião, não se deixaram fraquejar diante dos obstáculos e permaneceram fieis aos seus sagrados orixás. A esses povos e cultura a Umbanda homenageou com os alegres, verdadeiros e sinceros Grau Baianos e Baianas.
Povos que traziam em seu íntimo a calma, a alegria, a paciência, a simplicidade e o desprendimento material, a esses a umbanda homenageou com o Grau Marinheiro, os antigos pescadores de peixe e agora pescadores de almas, ensinando-nos a jogar fora o que pesa em nosso barco e ficar somente com o essencial que são as virtudes divinas que não pesam em nossa alma.
Povos que traziam em seu íntimo a pureza e a generosidade herdadas pela sua mãe terra, no qual os povos indígenas herdaram, e como nosso mestre Jesus disse: “só os puros de coração herdarão o reino do céu”, assim os indígenas mesmo estando encarnados já eram donos do céu, pois sua pureza e amor pela criação os graduaram como legítimos senhores da luz.
Povos que traziam em seu íntimo a bondade e misericórdia e que mesmo no cativo sofrendo a violência daqueles devotos de Jesus com os olhos tão azuis, não se vergaram e nem enfraqueceram sua fé em Olorum (Deus) e em Yoruba pronunciavam a mesma frase que no calvário o mestre Jesus pronunciou: “Pai perdoai-vos porque eles não sabem o que fazem” e o negro velho com o seu olhar distante mas cristalino dizia: “Olorum dári ti won ko ba ko mo OHUN se” e tal como Jesus no calvário, eles também foram sentar-se a direita de Deus, porem em bancos simples feitos de madeira, feitos com todo carinho e zelo por um humilde carpinteiro chamado Jesus, e Eles ao verem aquele senhor de barbas longas e olhos azuis disse: meu sinhozinho como posso servi vassuncê, E Cristo derramando lagrimas de seus olhos tão azuis, disse: sente-se nesse banco que eu mesmo fiz para vocês. E o preto-velho disse: não sinhô, preto veio num pode sentá em banco de sinhô. E Cristo disse: meu irmão aqui não sou senhor e o único senhor a quem nós servimos e a tudo criou é generoso com aqueles que o serviram com tanto amor ao ponto de amar sua criação e todas as suas criaturas.
Meus amados pais velhos o tempo do cativeiro acabou. E o negro-velho chorou de alegria e dançou a dança sagrada do Divino Orixa Oxala que é a dança da paz e da plenitude e Jesus se alegrou e dançou a dança da criação, da plenitude e da paz e após dança-la e se alegrar, disse: Vamos amados irmãos anciões. E o preto velho respondeu: para onde? Para morada do pai que fica no alto do altíssimo, e de lá iluminar os passos dos nossos irmãos para que num dia radiante todos venham a derramar lagrimas de felicidades e dançar a dança do Divino Pai Oxalá que é a dança sagrada que traz em sí a paz e a plenitude eterna, libertando-se dos seus calvários e cativeiros transitórios para alçarem voo para luz. E eles se foram.