domingo, 22 de março de 2015

NANÃ BURUQUÊ




Nanã é a Divindade que está assentada no pólo negativo (ou absorvedor) da Linha da Evolução, que é a sexta Linha de Umbanda, na qual polariza com Pai Obaluayê.

Rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova “vida”, já mais equilibrada.

As Irradiações de Mãe Nanã contêm duas Qualidades Divinas que nos induzem a evoluir: a maleabilidade e a decantação. Através delas, Nanã transmuta as energias negativas e paralisantes geradas por conceitos negativos e errôneos que os seres desenvolvem a respeito das coisas Divinas (sentimentos, pensamentos, emoções, atos etc.), de modo a reequilibrá-los e então reconduzi-los a um caminho de evolução. Nanã manifesta essas duas Qualidades ao mesmo tempo e por isso dizemos que é um Orixá Cósmico dual.

A primeira Qualidade de Nanã (maleabilidade) vai desfazendo o que está paralisado ou petrificado nos seres, dando-lhes maleabilidade. Quanto o ser estaciona num padrão vibratório negativo (pensamentos, sentimentos, crenças e emoções), insistindo em condutas igualmente negativas, ele se petrifica, fica impermeável às sugestões do Bem. Neste caso, ele será atraído para o campo de Mãe Nanã, para readquirir maleabilidade.

E a segunda Qualidade de Mãe Nanã (decantação) vai decantando os seres dos seus vícios, desequilíbrios e negativismos, fazendo uma espécie de filtragem dessas energias desequilibradas.

A orixá Nanã Buruquê rege uma dimensão formada por dois elementos, que são: terra e água. Ela é de natureza cósmica pois seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres que, quando recebem suas irradiações, aquietam-se, chegando até a terem suas evoluções paralisadas. E assim permanecem até que tenham passado por uma decantação completa de seus vícios e desequilíbrios mentais. Nanã forma com Obaluaiyê a sexta linha de Umbanda, que é a linha da Evolução. E enquanto ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar. Saibam que os orixás Obá e Omulu são regidos por magnetismos “terra pura”, enquanto Nanã e Obaluaiyê são regidos por magnetismos mistos “terra-água”. Obaluaiyê absorve essência telúrica e irradia energia elemental telúrica, mas também absorve energia elemental aquática, fraciona-a em essência aquática e a mistura à sua irradiação elemental telúrica, que se torna “úmida”. Já Nanã, atua de forma inversa: seu magnetismo absorve essência aquática e a irradia como energia elemental aquática; absorve o elemento terra e, após fracioná-lo em essência, irradia-o junto com sua energia aquática.

Mãe Nanã atua por atração magnética sobre os seres cuja evolução está paralisada e cujo emocional está desequilibrado. Ela os atrai magneticamente, para operar o processo de: a) dar maleabilidade àqueles seres- quebrando seus vícios e desfazendo suas resistências e negatividades; também “amolecendo” e dissolvendo os medos ou bloqueios inexplicáveis, de fundo inconsciente, e as memórias traumáticas do ser; b) decantar todo esse negativismo- que vai se soltando, e vai se depositar no fundo “do barro” (encontro dos elementos água e terra, que constituem Seus domínios); c) e, finalmente, dar estabilidade ao que ficou de positivo em todo este processo, para que o ser retome sua evolução de forma equilibrada, aqui o entregando aos domínios de Obaluayê.

Em todas as situações, temos duas opções básicas: a) decidir trilhar o caminho do Bem, respeitando a Ordem Divina; caso em que os Orixás Universais (irradiantes, positivos) irão “nos puxar para cima”, potencializando os pontos fortes que já desenvolvemos e, através deles, nos ajudando a evoluir e vencer nossas dificuldades. Neste caso, os Orixás Cósmicos nos darão amparo também, protegendo-nos de ataques externos, magias negativas etc., uma vez que são os pares complementares dos Universais; b) ou estacionar num caminho negativo; caso em que os Orixás Cósmicos (absorvedores, negativos) irão nos atrair diretamente para os seus campos absorvedores de atuação, ali esgotando nosso negativismo, até recuperarmos o equilíbrio e voltarmos ao amparo dos Universais.

Isso explica as diferentes atuações de Pai Obaluayê (Universal) e de Mãe Nanã (Cósmica), que se complementam, na Linha da Evolução. Nanã faz com que os seres retomem sua evolução, decantando-os de todo o negativismo, afixando-os no seu “barro” (água + terra) e deixando-os prontos para a atuação de Obaluayê, que os irá remodelar e estabilizar, para colocá-los novamente em movimento numa senda evolutiva.

A Energia de Nanã é Decantadora por excelência. Seu Fator Puro é o Decantador, que nos faz evoluir. Então, o outro Fator de Nanã é o Evolutivo (Fator Misto).

Os lagos, mangues e os grandes rios que correm tranquilamente são Pontos de Força de Mãe Nanã. Vamos pensar num lago. Um lago tem a superfície calma, de águas tranquilas, que parecem estar paradas. Mas ele puxa para o fundo qualquer coisa que nele seja atirada, ele decanta silenciosamente. Assim é a Energia de Nanã, a Mais Velha das Mães das Águas. Diferente de Mãe Oxum, simbolizada pelas cachoeiras, que são rápidas e representam a Energia da Mãe Jovem.

Diferente também de Yemanjá, a Grande Mãe, simbolizada pela imensidão do mar. Todas Elas lidam com as nossas emoções, porque a água está relacionada ao emocional. E Nanã representa a calmaria, a decantação das nossas emoções e sentimentos; motivo pelo qual Ela também pode nos curar, já que muitas doenças têm forte cunho emocional (raiva, inquietação, impaciência, ansiedade, nervosismo, ciúme, inveja etc.). Decantando nossos vícios e desequilíbrios emocionais e mentais, Nanã nos acalma e nos transforma. Transformados interiormente, entramos no caminho da cura. Em outras palavras: evoluímos.

Como portadora dessas Qualidades, Nanã também é o Mistério de DEUS que atua sobre o espírito que vai reencarnar.

Este mistério divino que reduz o espírito ao tamanho do corpo carnal, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação do óvulo pelo sêmen, é regido por nosso amado pai Obaluaiyê, que é o “Senhor das Passagens” de um plano para outro.

Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal. Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a “memória” dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.

No processo da reencarnação, o Orixá Nanã dilui todos os acúmulos energéticos daquele ser e decanta todos os seus sentimentos, mágoas e conceitos. Em consequência, Ela adormece (“apaga”) a memória daquele espírito. E quando o espírito adormece em sua memória, entra a atuação de Pai Obaluayê, que é o Regente desse Mistério, para reduzi-lo ao tamanho do feto que está no útero da mãe, aonde o espírito irá se alojar para renascer; e, ao renascer, não se lembrará de nada do que vivenciou anteriormente.

Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos. Nas “linhas da vida”, encontramos os orixás atuando através dos sentidos e das energias. E cada um rege uma etapa da vida dos seres.

Nanã, em seus aspectos positivos, forma pares com os outros treze Orixás, sem nunca perder suas qualidades “água-terra”. Ela favorece a Evolução em todos os Sentidos da vida.

Nanã é “a mais velha das Mães”, é nosso aconchego, é a experiência, a sabedoria, a paciência, é nossa Divina “Avozinha”. Daí o seu sincretismo com Nossa Senhora de Santana, a santa católica que foi a avó de Jesus.

Mãe Nanã é associada aos planetas Saturno e Vênus e também aos números 06 e 13.

Logo, quem quiser ser categórico sobre um orixá, tome cuidado com o que afirmar, porque onde um de seus aspectos se mostra, outros estão ocultos. E o que está visível nem sempre é o principal aspecto em uma linha da vida. Saibam que Nanã em seus aspectos positivos forma pares com todos os outros treze orixás, mas sem nunca perder suas qualidades “água-terra”. Já em seus aspectos negativos, bem, como a Umbanda não lida com eles, que os comente quem lidar, certo?

História

Origens do Orixá Nanã. Suas características na África e nas religiões derivadas

Na tradição africana, o Orixá Nanã é reverenciado como Nàná Burúkú (ou Buruquê) e representa o ponto de contato da terra com as águas. É a Divindade Suprema que, junto com Zâmbi, fez parte da Criação: é a responsável pelo elemento barro, que emprestou a Oxalá para que este moldasse o primeiro homem e todos os seres viventes da Terra. Com a junção de água e terra surgiu o barro.

Com o Sopro Divino, o barro representa movimento. O movimento adquire estrutura. Do movimento e da estrutura surgiu a Criação, o Homem.

No Candomblé, afirma-se que Nanã é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado pela mitologia Iorubá, há séculos, quando o povo Nagô conquistou o Daomé (atual República do Benin), assimilando sua cultura e incorporando algumas Divindades dos povos dominados.

Nesse processo de encontro de culturas, Oxalá (mito Nagô-Iorubá) continua sendo o pai de quase todos os Orixás. Yemanjá (mito Nagô-Iorubá) é a mãe dos Nagôs. E Nanã (mito Jêje) assume a figura de mãe dos filhos do Daomé; enquanto Oxalá permanece como pai, também, dos daomeanos (embora não fizesse parte da sua mitologia primitiva). Os mitos daomeanos eram mais antigos que os Nagôs, pois vinham de uma cultura que se mostra anterior à descoberta do fogo. Então, tentou-se acertar essa cronologia colocando-se Nanã e o nascimento de seus filhos como sendo fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Yemanjá. Neste contexto, Nanã é a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluayê) e Oxumarê.

Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza, em si, morte, fecundidade e riqueza. É associada à fecundidade e à prosperidade porque a Ela se pedem filhos; lembrando-se que nas antigas sociedades tribais ter muitos filhos era sinônimo de riqueza (capacidade de sustentá-los) e também de se perpetuar o nome daquele clã.

Para os Jêje, da região do antigo Daomé, seu nome significa “mãe, mãezinha”. Nessa região, Nanã é considerada a Divindade suprema. Talvez por isso, frequentemente é descrita como um Orixá masculino.

Sendo a mais antiga das Divindades das águas, Nanã representa a memória ancestral do Povo de Santo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos Orixás Iroko, Obaluayê e Oxumaré. E por ser a deusa mais velha do Candomblé, é respeitada como mãe por todos os outros Orixás.

A vida está cercada de mistérios que, ao longo da História, atormentam o ser humano. Ainda na Pré-História, quando o homem se viu diante do mistério da morte, no seu âmago irrompeu uma angústia. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino. A morte desperta no homem os primeiros sentimentos religiosos; e nessse momento Nanã se fez compreender: porque é na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Nos primórdios da História, os mortos eram enterrados em posição fetal; o que remetia a uma idéia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nanã. Pois Nanã é o princípio, o meio e o fim; é o nascimento, a vida e a morte; é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a Terra. Nanã é água parada, água da vida e da morte. Ela é o começo, porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nanã é a dona do axé, por ser o Orixá que dá a vida e a sobrevivência, é a Senhora dos ibás, que permite o nascimento dos deuses e dos homens.

No Candomblé se diz: “Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo. Nanã, a mãe maior, é a luz que nos guia, é o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nanã, pois os fundamentos dos Orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso Orixá”. Conceito belíssimo...

Considerada a mais velha Divindade do panteão africano, Nanã está associada às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e dos mares. Ela e Obaluayê foram os únicos Orixás que não reconheceram a soberania de Ogum como dono dos metais, justamente por serem mais antigos que ele. Segundo pesquisas de Pierre Verger, há indícios de que Nanã e Obaluayê eram cultuados desde antes da Idade do Ferro; e esta é a razão de não se utilizar instrumentos de ferro nas suas oferendas.

O símbolo de Nanã é o Ibirí, um cajado de fibras da folha da palmeira de dendê, que tem a ponta curvada e uma tira de couro enfeitada com búzios.

Em algumas terras da África, Nanã é chamada de Iniê e seus assentamentos (objetos sagrados) são salpicados de vermelho. 

Ela é a chuva, a garoa. Por isso, o banho de chuva é uma homenagem que se faz a Nanã, lavando-se o corpo no seu elemento.

Nanã é tanto reverenciada como sendo a Divindade da vida, como da morte. Na África antiga, acreditava-se que entre o mundo dos vivos e o dos mortos existe uma passagem, cuja regente é Nanã, Senhora da Morte, geradora de Iku (a Morte). Por isso, Nanã é a mais temida de todos os Orixás. 

Nanã é o encantamento da própria morte. Os cânticos em sua homenagem são súplicas para que leve Iku (a Morte) para longe, de modo que a vida seja mantida. 

Ela é a Senhora da passagem desta vida para outra; reconduzindo ao Astral as almas que Oxum colocou no mundo material. É a deusa e guardiã do reino da morte, possibilitando o acesso a esse território do desconhecido. Assim, no Culto de Nação e no Candomblé, Nanã é cercada de muitos mistérios e tratada com menos familiaridade do que os Orixás mais extrovertidos (como Ogum e Xangô, por exemplos), sendo considerada uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou de alguma forma de explosão emocional. Jurar por Nanã, por parte de alguém do Culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois este Orixá exige de seus filhos a mesma relação austera que mantém com o mundo. Acredita-se que muitos são os mistérios que Nanã esconde: ela é a terra fofa que recebe os cadáveres, que os acalenta e esquenta, numa repetição do que ocorre na vida intra-uterina; através dela, os mortos são modificados para poderem nascer novamente.

Esta relação de Nanã com a morte e o culto dos Egunguns (espíritos dos mortos) é talvez o motivo de Ela estar associada ao número 13 (tradicionalmente ligado às almas dos mortos), dentro do Culto de Nação e do Candomblé.

Desde suas origens na África, Nanã é reverenciada como o grande Orixá que tem o domínio sobre as enchentes e as chuvas, bem como sobre o lodo produzido por essas águas. Ela também é a mãe e avó, a protetora dos homens e dos idosos, a padroeira da família. Daí, talvez, a sua ligação com o número seis, este relacionado à família.

A dança de Nanã

No Candomblé, quando manifestada numa de suas iniciadas, Nanã é saudada pelos gritos de: “Sálù bá Nàná Burúkú!”, significando: “com Nanã, nos refugiaremos da morte”.

Quando dança no Candomblé, Nanã movimenta os braços como se estivesse embalando uma criança.

O toque Jêje para esta Divindade é o sató, um ritmo vagaroso e pesado, apropriado aos lentos movimentos dessa deusa que dança curvada, "varrendo" o mal.

No Ketu, seu toque é o kiribotô. 

Nas Casas de Candomblé da Bahia, do Rio de Janeiro e nos Terreiros Nagô ou Jêje-Nagô da cidade de São Paulo, realiza-se um ritual chamado Olubajé, uma cerimônia pública dedicada a Obaluayê (rei da terra), Omolu (filho do senhor), Onilé (senhor da terra) e a Sapatá e Xapanã (deus da varíola). Esta cerimônia foi objeto de pesquisas coordenadas por José Flávio Pessoa de Barros, autor do livro “O Banquete do Rei - Olubajé”, Editora Pallas, 2005. O referido autor explica que a cerimônia corresponde a um banquete, pois a palavra Olubajé é de origem Iorubá e significa: Olú= aquele que; Gba= aceita: Je= comer. Ou: Olú= aquele que; Báje= come com. Pois bem. Dentro do ritual, há um momento em que “a família mítica de Obaluayê” vem dançar: primeiro, dança Oxumarê, seu irmão; depois Nanã, sua mãe; em seguida, Yemanjá, sua mãe adotiva; e finalmente Iansã, que se tornou sua amiga e com ele dividiu o domínio sobre os mortos. E o livro descreve os movimentos da dança de Nanã:

“O ritmo é lento, a passos curtos, punhos cerrados, mãos estendias à frente e justapostas uma sobre a outra, movimentado-se ora à direita, ora à esquerda, a cada passo dado pelo orixá, como quem segura um bastão, amparando o corpo fatigado de uma longa jornada. Sua roupa é toda em tons lilás bem claro, e o adê (coroa) bordado em palha-da-costa e búzios.

O canto sempre repetido pelos presentes diz: A outra face (outro lado) de Nanã é bonita. A outra face de Nanã é bonita.

Os versos da música sacra dizem que a “Venerável Anciã” tem a outra face bela, deixando supor que existe uma que deve ser respeitada, pois Nanã está intimamente ligada ao culto dos egunguns, isto é, os espíritos ancestrais do povo-de-santo.

Como aos outros orixás, mais dois cantos completam o conjunto mínimo de louvação: Nanã Olocó, faça-nos felizes; nós podemos tomar outra direção para termos a alegria do nascimento de filhos. Nanã Olocó, faça-nos felizes. [Nanã Olocó: aquela que tem poderes para chamar um parente morto para aparecer como Egungun.]

A mãe-de-santo providenciara a vinda do Ibirí- cetro daquela que é “a mais velha das deusas”, que, como o xaxará de Obaluaiê, seu filho, é feito das nervuras centrais da folha do dendezeiro. Difere, entretanto, do cetro de Omolu na ponta recurvada que se prende ao meio por uma tira de couro bordada em búzios. Os gestos são idênticos aos da primeira dança e o povo-de-santo diz que “o ibirí é como uma criança que uma mãe embala para adormecer.

(...) Muitos filhos é a súplica que fazem a Nanã, sinônimo, para os adeptos, de prosperidade. E o mesmo tema é repetido no último canto: Ela é nossa mãe e amiga; ela é Senhora da alta sociedade.

A assistência, a cada gesto gracioso da iabá, a saúda entusiasmada:

-Sálù bá Nàná Burúkú!- nos refugiaremos com Nanã da morte.

Nos últimos sons do atabaque, “a mais velha mãe” é carinhosamente levada para sua casa. Antes, entretanto, majestosamente cumprimenta a todos, inclinando o torso, sendo seu gesto saudado várias vezes com o verso com que a reverenciam:

- Sálù bá Nàná!”(Obra citada, páginas 112/115.)

Lendas

1-Nanã fornece a lama para a modelagem do homem

Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau e depois de pedra, mas a criatura ficou dura. Tentou, então, o fogo, e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho-de-palma, e nada.

Foi então que Nanã veio em seu socorro. Ela apontou para o fundo do lago, com seu ibiri (o seu ceptro e arma), e de lá retirou uma porção de lama. Deu a Oxalá uma porção do barro do fundo da lagoa onde morava, a lama sob as águas, que Ela domina.
Então Oxalá criou o homem, modelando-o no barro. Com um sopro de Olorum, o homem caminhou, e com a ajuda dos Orixás povoou a terra.

Porém, chega o dia que o homem morre e seu corpo tem que retornar à terra, voltar à natureza e aos domínios de Nanã Buruku. No começo Nanã deu a matéria para fazer os corpos dos homens; mas no final Ela quer de volta tudo o que é seu.

2- Nanã proíbe instrumentos de metal no seu culto

A rivalidade entre Nanã Buruku e Ogum data de muito tempo.

Ogum, o ferreiro e grande guerreiro, era o proprietário de todos os metais. Eram de Ogum os instrumentos de ferro e aço. Todas as Divindades dependiam d’Ele, e isto o fazia ser muito considerado entre os Orixás. Sem a licença de Ogum não havia sacrifícios; sem sacrifício não havia Orixá. Ogum é o Oluobé, o Senhor da Faca.

Todos os Orixás o reverenciavam, e antes de comer pediam licença a Ele pelo uso da faca (o obé) com que se abatiam os animais e se preparava a comida sacrificial.
Contrariada com essa precedência dada a Ogum, Nanã disse que não precisava de Ogum para nada, pois se julgava mais importante do que ele.

“– Quero ver como vais comer, sem faca para matar os animais”, disse Ogum.
Ela aceitou o desafio e nunca mais usou a faca.

E foi por esta decisão de Nanã que, dali em diante, nenhum de seus seguidores utilizaria objetos de metal nos sacrifícios feitos a Ela, e sem precisar da licença de Ogum.

3-Nanã divide seu poder sobre os Eguns com Oxalá 

Na aldeia chefiada por Nanã, quem cometesse um crime era amarrado a uma árvore, e então Nanã chamava os Eguns para assustá-lo.

Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e lhe deu uma poção que a fez apaixonar-se por ele. Apaixonada, Nanã dividiu seu reino com Oxalá, mas proibiu sua entrada no Jardim dos Eguns.

Oxalá espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Disfarçando-se de mulher, Oxalá vestiu-se com as roupas de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem “ao homem que vivia com ela“ (ou seja, que obedecessem a ele).
Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir. Mas, apaixonada como estava, acabou

concedendo aquele poder ao marido. Por isso, no Culto a Egungun, só os homens são iniciados para chamar os Eguns.

Outra versão diz que, por causa desse artifício, Oxalá foi condenado a vestir-se com um manto semelhante ao usado por mulheres, ficando proibido de usar roupas iguais às dos outros Orixás masculinos.

(Fonte das três lendas: O livro “Mitologia dos Orixás”, Reginaldo Prandi, 2005.) 

4- O confronto de Ogum com Nanã

Há outra lenda sobre a rivalidade entre Ogum e Nanã.

Conta-se que Nanã, Senhora de Dassa Zumê, mãe de Obaluayê, Ossãe, Oxumarê e Ewá, nunca se preocupou com o que os outros faziam da própria vida. Ela tratava

apenas de si e dos filhos, de forma nobre. Entretanto, sempre exigiu respeito àquilo

que lhe pertencia. Mas Ogum quis confrontá-la.

Viajante e conquistador, numa de suas viagens Ogum aproximou-se das terras de

Nanã. Sabia que o lugar era governado por uma velha e poderosa senhora. Como era um grande guerreiro, não lhe seria difícil tomar as terras de Nanã, se o quisesse. Mas Ogum estava ali apenas de passagem. Seu destino era outro, apenas o caminho que traçara, sempre em linha reta, atravessava as terras de Nanã.

Na saída da floresta, Ogum deparou-se com um pântano que marcava o início das terras de Nanã. Teria de passar por ali. Parou à beira do pântano e já ia atravessá-lo, quando ouviu a voz rouca e firme de Nanã:

- “Esta terra tem dono. Peça licença para penetrar nela!”

No que Ogum respondeu, em voz alta:

- “Ogum não pede, toma! Ogum não pede, exige! E não será uma velha que impedirá meu objetivo!”

- “Peça licença, jovem guerreiro, ou se arrependerá!”, retrucou Nanã, com a voz baixa e pausada.

- “Ogum não pede licença, avança e conquista! Para trás, velha, ou vai conhecer o fio da minha espada e a ponta de minha lança!”, foi a resposta.

Dito isto, Ogum avançou pelo pântano, atirando lanças com pontas de metal contra Nanã.

Com as mãos vazias, Ela cerrou os olhos e determinou ao pântano que tragasse o imprudente e impetuoso guerreiro. E assim aconteceu. Aos poucos, Ogum foi sendo tragado pela lama do pântano, debatendo-se e tentando voltar atrás.

Ogum lutou muito, observado por Nanã, até que conseguiu salvar sua vida, livrando-se das águas pantanosas que quase o devoraram. Ofegante e assustado, Ogum foi forçado a recuar, mas sentenciou:

- “Velha feiticeira! Quase me matou! Não atravessarei suas terras, mas vou encher este pântano de aço pontudo, para que corte sua carne!”

Nanã, impassível e calma, voltou a observar:

- “Tu és poderoso, jovem e impetuoso. Mas precisas aprender a respeitar as coisas. Por minhas terras não passarás, eu garanto!”

E Ogum teve que achar outro caminho, longe das terras de Nanã. Esta, por sua vez, aboliu o uso de metais em suas terras.

E é por isso que, até hoje, nada por ser feito com lâminas de metal para Nanã. 

5- O encontro de Nanã com Yemanjá 

Conta-se que Yemanjá estava em sua casa, quando alguém bateu à porta. Era Nanã, que vinha visitá-la.

Curiosa, Nanã olhava para todos os lados, procurando alguma coisa. Ela soubera que Yemanjá recolhera na praia o filho que abandonara nas areias, fraco, feio e doente.

Yemanjá percebeu tudo. E mandou servir o Ebô-yá, sua comida favorita, que Nanã aprovou e disse: - “Além do filho, temos agora uma comida de que podemos gostar muito...” E é por isso que se pode dar Ebô-yá para Nanã também. (Fonte desta lenda: O livro “O Banquete do Rei- Olubajé”, José Flávio Pereira de Barros, Editora Pallas, páginas 113/114, 2005.)

*Nota: Ebô-yá, Ebôya, Eboia ou fava de Yemanjá é uma comida ritual feita com fava

cozida e refogada com cebola, camarão, azeite de dendê ou azeite doce. Pode ser preparada com milho branco, mas então recebe o nome de Dibô. É oferecida especificamente ao Orixá Yemanjá, podendo ser vista nos rituais de ori, bori e assentamento de cabeça, no sentido de dar equilíbrio espiritual.

Divindades assemelhadas

Perséfone- Divindade grega casada com Hades, que se tornou a rainha do mundo subterrâneo. Seus movimentos refletiam as estações do ano.

Maia- Divindade grega. Mãe de Hermes e avó de Pã. Divindade de culto tão antigo que é considerada pré-helênica. Anciã de grande sabedoria e Senhora da noite.

Hécate- Divindade grega considerada Senhora dos mortos e da noite, tinha o dom de proteger contra os maus espíritos.

Shitala- Divindade hindu feminina da varíola, ligada, portanto, às doenças e à cura.

Hell- Divindade nórdica da região dos mortos. Antiga deusa da terra. Aparecia com partes do corpo infectadas por doenças.

Cerridwen- Divindade celta. Senhora da noite e a magia. Traz o arquétipo da velha senhora detentora da sabedoria antiga, que possui o caldeirão mágico onde decanta suas poções.

Ereshkigal- Divindade sumeriana e babilônica. “Rainha da grande terra”, “Rainha da Terra”. Avó de Inanna em alguns mitos e sua irmã, em outros. Deusa dos mortos, do Mundo Subterrâneo.

Befana- Antiga Divindade da região itálica. Representa a anciã que trazia presentes para as crianças e espantava os espíritos do mal.

Baba Yaga- Divindade eslava. Anciã, enorme velha com cabelos desgrenhados. Construía sua casa com os ossos dos mortos. Viajava montada em um socador de grãos. Destruidora do que é superficial.

Madder-akka- Divindade finlandesa. “A velha”, padroeira dos partos e das almas das crianças até que elas estivessem prontas para encarnar.

Cailleach- Divindade celta. Pouco conhecida, trazia as doenças, a velhice e a morte. É uma velha senhora ou velha bruxa. Guardiã do portal que leva aos períodos de escuridão do ano, ela é também a Divindade evocada perante a morte e a transformação.

(Fonte: O livro “Deus, “Deuses” e Orixás”, Alexandre Cumino, Madras Editora, 2004.)

Características dos filhos de Nanã

No positivo, os filhos de Nanã são pessoas extremamente calmas. No modo de agir, e até fisicamente, aparentam mais idade. São lentas no cumprimento das suas tarefas, parecem ter a eternidade à sua frente. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. Gostam de crianças e as educam com excesso de doçura e mansidão, assim como fazem as avós. 

São bondosos, decididos, simpáticos, mas principalmente respeitáveis. Agem com segurança e majestade. Suas reações bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça. 

O tipo psicológico dos filhos de Nanã é introvertido e calmo, temperamento severo

e austero. Podem até ser um tanto rabugentos, motivo pelo qual às vezes são mais temidos do que amados. 

As pessoas que têm Nanã como Orixá de cabeça podem lembrar principalmente a figura da avó: carinhosa, às vezes até em excesso; levam o conceito de mãe ao exagero. Mas também podem ser ranzinzas e preocupadas com detalhes, inclinando-se a censurar os outros. Não têm muito senso de humor e tendem a valorizar demais pequenos incidentes e a transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, têm uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fossem muito mais velhas. Por isso, têm uma habilidade natural para perdoar aos que erram e para consolar quem está sofrendo. Voltados para a comunidade, sempre tentam realizar as vontades e necessidades dos outros. Porém, exigem a atenção e o respeito que julgam devidos, quando não os recebem das pessoas à sua volta.

Os filhos de Nanã são um pouco mais conservadores do que o restante da sociedade. Parecem desejar um mundo previsível, estável ou até voltado para trás; reclamam dos novos costumes, da nova moralidade etc. Muito compenetrados e responsáveis, não conseguem entender como algumas pessoas cometem enganos triviais ou como adotam comportamentos e atitudes que lhes parecem evidentemente inadequados. Assim, têm dificuldade em compreender direito as opiniões alheias e em aceitar que nem todos pensem como eles.

No negativo, os filhos de Nanã podem ser teimosos e ranzinzas, daquelas pessoas que adiam muito uma decisão, ou que guardam por longo tempo um rancor. 

Podem apresentar precocemente problemas de idade, como a tendência a viver no passado, de recordações. Fisicamente, tendem a apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral. 

A filha de Nanã pode ter uma aparência que, no seu modo de pensar, não tem maiores atrativos. Isso tende a fazê-la sentir medo de amar, de ser abandonada e sofrer, por não confiar na própria sexualidade; então, irá dedicar sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social. 

Oferenda: 

Velas brancas, lilases e cor-de-rosa; champanhe rosado; calda de ameixa ou de figo; soda limonada; melancia, uva, figo, ameixa e melão; folha de bananeira para forrar o solo. Lavar e secar a folha de bananeira. Umedecer um tufo de algodão em azeite de oliva (de preferência, já consagrado) e untar a folha de bananeira já limpa. Dispor as frutas no centro da folha. Circular com as bebidas, despejando-as diretamente no solo. Firmar as velas rodeando toda a oferenda. 

Local para a oferenda:

À beira de um lago ou mangue.

Quando oferendar: 

Para aprender a agir com paciência, sabedoria e perseverança diante de obstáculos; para a cura de males físicos, morais e espirituais; para superar vícios e padrões negativos de sentimentos, pensamentos e emoções; para vencer bloqueios internos (fobias, medos injustificáveis); para superar lembranças traumáticas ligadas a experiências da encarnação atual; para nos desapegarmos do passado (em todos os sentidos e aspectos), a fim de nos situarmos no presente, aceitando a vida como ela se apresenta no momento, mas sempre trabalhando por melhorar aquilo que podemos melhorar (interna e externamente). Em pedidos de proteção para a família, os filhos, as crianças em geral, as gestações difíceis e os partos. Em todas as situações em que nos deparamos com dificuldades para seguir um caminho de evolução.

Amaci:

1- Água de rio ou de lago com crisântemos e guiné, macerados e curtidos por três dias. 

2- Orientações de Adriano Camargo- Ervas que podemos usar para um bom Amaci de Mãe Nanã: Folhas de chorão ou salgueiro, folhas de assa-peixe, arnica, melão de São Caetano, alfavaca, trapoeraba (ou coração roxo) e flores de cor lilás.

As ervas escolhidas (se a pessoa não usar todas as indicadas) deverão ser lavadas e secadas, para depois serem quinadas (picadas com as mãos), maceradas e curtidas em água mineral (ou de rio ou de lago), junto com as flores, por três dias.

Cozinha ritualística

1-Feijão preto com purê de batata doce roxa: Cozinhar por uns 15 minutos o feijão e escorrer a água, para então refogá-lo em dendê e cebola roxa picada. Reservar. Em separado, cozinhar a batata doce, amassar e fazer o purê, adicionando um pouco de leite de coco e de mel. Colocar o feijão num alguidar forrado com folhas de bananeira (ou de taioba ou de mostarda). Em volta, colocar o purê e decorar com tirinhas de coco. 

2-Quirela: Meio quilo de quirela branca (milho quebradinho) cozida. Escorrer a água. Refogar no azeite de oliva 1 cebola roxa e, em seguida, juntar a quirela. Colocar num prato ou num alguidar forrado com folhas de mostarda ou de taioba. Cobrir com coco ralado e flores de cor lilás.

3-Canjica branca cozida em leite de coco e açúcar (mugunzá). Oferendar sobre folha de bananeira regada com mel. Polvilhar a canjica com canela (ou colocar sobre ela pedacinhos de canela, se não quiser usar canela em pó). Enfeitar com coco ralado, uvas brancas e uvas escuras.

4-Arroz branco com folhas de taioba (ou de mostarda ou de espinafre). Passar muito rapidamente a verdura em azeite de oliva e uma pitada de sal. Desligar o fogo e tampar a panela. Em separado, cozinhar um pouco de arroz branco e colocar num alguidar forrado com folhas de beterraba. Deixar um buraco no meio do arroz e ali colocar a verdura. Enfeitar com beterraba cortada em fatias finas (rodeando a borda do alguidar). 

5-Berinjela com inhame- Cortar a berinjela em quatro, na vertical, e aferventar. Em

separado, cozinhar ligeiramente um inhame cortado em rodelas e com a casca. Cozinhar tudo apenas em água. Colocar num alguidar forrado com folhas de berinjela e regar com mel. 

6-Sarapatel- Lavar bem os miúdos de porco e depois passá-los em água e limão. Cortar em pedaços pequenos e temperar com coentro, louro, cravos da índia, caldo de limão e sal. Cozinhar. Quando estiver macio, juntar sangue de porco e ferver. Servir num alguidar, sobre uma porção de arroz branco. Polvilhar com farinha de mandioca e azeite de oliva.

7- Paçoca de amendoim- Amendoins torrados e moídos, misturados com farinha de mandioca crua, açúcar e uma pitada de sal. Colocar num alguidar forrado com folhas de bananeira (ou outra erva de Nanã).

8-Aberum- Milho torrado e pilado ou moído, do qual se faz um fubá, acrescentando-se açúcar ou mel. Colocar sobre folha de bananeira untada com azeite de oliva


Alguns Caboclos de Nanã: 
Caboclo Terra Roxa (de Omolu e Nanã), Caboclo dos Lagos, Caboclo Pedra Roxa (Oxalá/Nanã), Caboclo do Mangue, Caboclo Arco-Íris (todos os Orixás), Caboclo da Lagoa, Caboclo 7 Lagoas (de Oxalá e Nanã), Caboclo 7 Lagos (Oxalá/Nanã).

Alguns Exus de Nanã: 
Exu do Lodo (de Obaluayê, Iemanjá e Nanã), Exu 7 Lagoas (Oxalá/Nanã), Exu do Lago, Exu do Poço, Exu Terra Roxa (de Omolu e Nanã), Exu da Pedra Roxa (Oxalá e Nanã), Exu dos 7 Lagos (de Oxalá e Nanã).

TRONO
Feminino da Evolução
Linha
Evolução (6ª Linha de Umbanda)
Fatores
Decantador (Fator Puro) e Evolucionista (Fator Misto).
O Fator Decantador tem por função decantar as energias emitidas pelos outros Fatores, ou mesmo decantá-los de um lugar onde estão concentrados e recolhê-los em si mesmos, anulando-os.
O Fator Evolucionista ou Evolutivo tem por função criar as condições para a evolução dos seres.
Sentido/Essência
Evolução/Decantação/Transmutação
Elemento
Primeiro elemento: água.
Segundo elemento: terra.
Polariza com
Obaluayê
Cor
Lilás (voltada para o Sentido da Evolução, tem a função de trazer carinho, ternura, maturidade etc.).
Também o roxo e o rosa.
Fio de Contas
Contas, firmas e miçangas de cristal lilás; ou de contas de porcelana branca com listras roxas.
Ferramentas 
Bastão ou cajado curvo feito de hastes da folha da palmeira de dendê  (o Ibirí).
Ervas
1- Fonte: Adriano Camargo: a) Quentes ou agressivas: Folhas de chorão ou salgueiro (para decantação e limpeza), arnica (purificadora), periquito ou penicilina (purificadora de larvas e miasmas astrais), cipó suma, pinhão roxo, peregum roxo;
b) Mornas ou equilibradoras: Assa peixe (fortalecedora e curadora); Trapoeraba ou coração roxo (protetora e estimuladora da mediunidade); Melão de São Caetano (equilibrador e poderoso curador espiritual); Sete sangrias (regenerador astral, fortalecedor); alfavaca; alfazema; folhas de bardana; camomila (as flores); cana do brejo; capim rosário; confrei; erva de Santa Maria; macela; mentruz; hibisco (flor); mulungu (casca e raiz); noz moscada. 
2- Outras: Agoniada, agrião, alfavaca cravo; avenca, canela de velho, cavalinha, cedinho, cipreste, colônia, dália vermelho-escuro, dama da noite, erva cidreira, erva mate, erva quaresma, erva macaé, erva de passarinho, espinafre, eucalipto; folhas de bananeira, folhas de batata doce, folhas de berinjela, folhas de mostarda, folhas de limoeiro, folha da quaresma, folhas de taioba, hortênsia, ipê roxo, jaqueira, língua de vaca, manjericão comum, manjericão roxo, manacá, noz moscada; rosa vermelho-escuro, salsa da praia, tuia, tradescância. (* Tradescância é um gênero de plantas de ramagem colorida, que inclui os gerânios, as begônias e os filodendros.)
Símbolos
1-A cruz
2-Alua minguante
3-O ibirí- um cajado feito da fibra central da folha da palmeira de dendê. Dizem que esse cajado nasceu junto com Nanã, na sua placenta. Representa a multidão de eguns, que são seus filhos na terra dos homens; e Nanã o carrega como se mimasse uma criança.
4-Os búzios- que simbolizam a morte (por estarem vazios), mas também a fecundidade (porque lembram os órgãos genitais femininos). De búzios são feitos os colares chamados brajás, dois a dois, que seus filhos usam cruzados no peito.
5-O grão- símbolo que melhor sintetiza Nanã, pois todo grão tem de morrer para germinar. Na tradição africana, Nanã é o Orixá que assegura uma vida saudável e com bastante força àqueles que a respeitam; pode ajudar as mães numa gestação difícil; mas sua principal função é garantir o grão e “o pão” de cada dia a todos que fazem por merecer.
6-Um coração com uma cruz dentro- símbolo usado mais modernamente e que representa o Amor e o Mistério da Cruz atuando para a nossa Evolução. É uma alusão também à Qualidade de Nanã como a Divina “Vovó” que é sábia, experiente e severa, porém amorosa, ao nos encaminhar para a evolução.
Ponto de força na Natureza
Lagos, águas profundas, mangues, pântanos, cemitério.
Flores
Crisântemo branco e lilás; campânula; trapoeraba; manacá da serra; hibisco; violetas; flores do campo de cor lilás; lírio; orquídea; narciso; begônias.
Essências
Guiné; noz moscada; camomila; cravo
Pedras
Ametista, fluorita lilás, rubelita, sugilita.
Dia indicado para a consagração: 4ª feira. Hora indicada: 19 horas.
Metal e Minérios
Metal: Latão ou Níquel
Minério: Prata.
Dia indicado para consagrar: 2ª feira. Hora indicada: 18 horas.
Chakra
Esplênico (na altura do baço).
Glândula relacionada: Pâncreas, que desempenha um papel importante na digestão dos alimentos e na secreção de insulina pelo organismo.
Saúde
Abdomem, estômago, fígado, parte inferior das costas, sistema digestivo, sistema nervoso central, bílis e bexiga.
Portais de cura (cf. Adriano Camargo): Folhas de chorão, agulhas antigas, água mineral ou de rio; velas lilases.
Dia da Semana
A 6ª feira é usualmente o dia consagrado a Nanã (regência de Vênus, planeta ao qual é associada, e que inspira o amor, a paciência, a calma, o cuidado com a família e os filhos).
Também lhe são dedicados: a 2ª feira (regência da Lua, ligada à água, que é o principal elemento deste Orixá); e ainda o sábado (regência de Saturno, ao qual Ela também se relaciona, e que está ligado à terra, que é o segundo elemento de Mãe Nanã).
Planeta
Saturno e Vênus.
Saudação
Salve nossa Mãe Nanã! Resposta: “Saluba, Nanã!” (Diz-se que é o equivalente a “Salve!”. No Candomblé, porém, esta saudação tem este significado: “Com Nanã, nos refugiaremos da morte”.)
Bebida
Champanhe rosado; água mineral, de rio ou de lago; calda de figo e de ameixa escura; limonada; suco de laranja lima (ou serra d’água); sumo de guiné (macerar guiné em água mineral ou em água de rio ou de lago, e depois coar).
Animais
Galinha branca; pata branca; cabra branca; rã.
Comidas
Laranja lima, figo, ameixa, melancia, uva escura, melão, limão, fruta do conde, coco seco, banana da terra, frutas aquosas em geral, mandioca, inhame, batata doce de casca roxa, berinjela, arroz.
Números
06 e 13
Data Comemorativa
26 de julho
Sincretismo
Nossa Senhora de Santana
Incompatibilidades
No Culto de Nação e no Candomblé, os fiéis respeitam algumas incompatibilidades ou proibições (“quizilas” ou euós) em relação a Nanã: quanto ao consumo de pimenta e camarão; quanto ao uso de lâminas e instrumentos de ferro; bem como a ficar em multidões.
Qualidades
Nanã Abenegi: Dessa Nanã nasceu o Ibá Odu, que é a cabaça que traz Oxumarê, Oxossi Olodé, Oya e Yemanjá;
Nanã Adjaoci ou Ajàosi: É a guerreira e agressiva que veio de Ifé, às vezes confundida com Obá. Mora nas águas doces e veste-se de azul;
Nanã Ajapá ou Dejapá: É a guardiã que mata, vive no fundo dos pântanos, é um Orixá bastante temido, ligado à lama, à morte, e à terra. Veio de Ajapá. Está ligada aos mistérios da morte e do renascimento. Destaca-se como enfermeira; cuida dos velhos e dos doentes, toma conta dos moribundos. Nela predomina a razão;
Nanã Buruku ou Búkùú: Também é chamada Olú waiye (senhora da terra), ou Oló wo (senhora do dinheiro) ou ainda Olusegbe. Este Orixá veio de Abomey; ligado à água doce dos pântanos, usa um ibirí azul;
Nanã Obaia ou Obáíyá: É ligada à água e à lama. Mora nos pântanos; usa contas cristal, vestes de cor lilás e veio do país Baribae;
Nanã Omilaré: É a mais velha, acredita-se ser a verdadeira esposa de Oxalá. Associada aos pântanos profundos e ao fogo. É a dona do universo, a verdadeira mãe de Omolu Intoto. Veste musgo e cristal;
Nanã Savè: Veste-se de azul e branco e usa uma coroa de búzios;
Nanã Ybain: É a mais temida. Orixá da varíola. Usa cor vermelha. É a principal, recebe oferendas direto na lagoa, dando origem a outros caminhos. Para chamá-la, a ekeji tem que ir batendo com seus otás para fazê-la pegar suas filhas;
Nanã Oporá: Veio de Ketu, coberta de òsun vermelho. É a mãe de Obaluaiyê. Ligada à terra, temida, agressiva e irrascível;
Nanã Xalá: Muito ligada ao Branco e a Oxalá;
Nanã Asainan ou Asenàn;
Nanã Iyabahin ou Lànbáiyn.
Outros nomes, títulos ou qualidades: Inselè; Sùsùré; Elegbé; Bíodún; ìkúrè; Asaiyó. 


Extraído de: www.seteporteiras.org.br/ www.colegiodeumbanda.com.br

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